terça-feira, 30 de outubro de 2007

Um homem vermelho

Reunir um militante petista e um grupo de futuros jornalistas dá mais do que uma rima, rende uma coletiva. E ela aconteceu no último dia 09, em uma sala apertada e fria do Departamento de Ciências Humanas do campus III da Universidade do Estado da Bahia. Os entrevistadores eram os alunos do 4º e 8º período do curso de Comunicação Social, já o entrevistado foi Bráulio Wanderlei, um partidarista com muita história pra contar e opiniões fortes para defender.

Primeiros passos

Aos doze anos de idade, o recifense filho de classe média, Bráulio de Barros Wanderlei, já participava da militância da esquerda socialista na capital pernambucana. Dois anos depois, filia-se ao PcdoB e passa atuar em movimentos estudantis. Tempos depois, como explica o entrevistado, a “postura omissa do partido em relação à juventude” o leva a ruptura com a legenda. Em 1997, ingressa no PT e, entre movimentos estudantis e partidários, gradua-se em História e faz Pós-graduação em Geografia. Hoje, do passado influenciado pela leitura de Lênin, Stálin e Marx, o professor Bráulio ainda traz os mesmos ideais de democracia, pluralidade e igualdade de outrora.

A situação petista

Diante das constantes crises pelas quais tem passado o Partido dos Trabalhadores (PT), o inicio da coletiva não poderia ser diferente. Com um discurso forte, porém realista, Bráulio assumiu uma consciência crítica sobre a situação petista, enfatizando, entretanto, que a corrupção de alguns dos membros do partido não pode ser considerada regra e sim, exceção. Ao afirmar que “todo mundo pode errar, menos o PT”, o sindicalista tenta explicar a proporção que os seguidos escândalos políticos tomaram. E para replicar aos consecutivos questionamentos sobre os rumos e posicionamentos do partido pós-crise(s), o entrevistado recorre a bem-sucedidos exemplos petistas, ressalta a liberdade de opinião dentro do partido e afirma que “o PT não é uma extensão do governo”.

Posicionamentos políticos

Outro tema bordado na coletiva foi aliança. A união com movimentos sociais é bem vista e necessária, de acordo com Bráulio, já que esses estão perdendo a força. Também é vital a aliança entre partidos, desde que sejam respeitadas as diferenças regionais. Nesse ponto, entra uma polêmica atual, a fidelidade partidária. O militante se define como parlamentarista, pois acredita que o mandato é do partido, porém ele ressalta a necessidade do estabelecimento de limites e regras para lealdade de legenda e também cobra a fidelidade por parte dos dirigentes do partido.

Política do Vale sanfranciscano

Regionalizando a discussão, Bráulio criticou o cenário político local. “As pessoas aqui não votam no partido, votam na pessoa”, declara o professor para explicar o que chama de messianismo. Enquanto em Juazeiro, existe a bipolaridade de candidatos e a legenda petista tem seu candidato “único”, em Petrolina, o partido já fez uma vice-prefeita - a atual Deputada Isabel Cristina, que vislumbra uma possível candidatura à prefeitura nas próximas eleições municipais. Ainda na cidade pernambucana, o entrevistado ressalta a perda de poder da família Coelhos, que, tradicionalmente ocupa o poder municipal, quer seja pela direita ou pela esquerda.

Política estudantil

Contextualizando as perguntas ao ambiente da entrevista e ao histórico do entrevistado, muitos foram os questionamentos relacionados ao movimento estudantil e, para esse assunto, duras críticas foram tecidas. Taxadas de “máquinas de fazer carteirinha e vender direitos” por Bráulio, entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), segundo o professor, são mais partidárias do que politizadas e líder estudantil virou sinônimo de profissão. Mesmo com esse painel da atuação dos estudantes, o sindicalista ainda acredita que ser ligado a um partido não atrapalha o movimento. “Você vai lutar por qualidade de ensino”, assinala Bráulio, completando que “o problema é confundir o movimento estudantil como extensão do partido”.

Um contraponto

Apesar de criticar duramente a imprensa e questionar sua liberdade, Bráulio mantém um blog, o História Vermelha. Nesse espaço, o militante tenta fazer um contraponto à grande mídia, onde afirmar haver apenas “divulgação da mau política”, Lá, ele divulga suas opiniões num ambiente que define como um “espaço democrático destinado à política, socialismo, atualidades, história, geopolítica e humor”. Uma gama de assuntos que o professor sabe bem tratar.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Testando

1,2,3 , alô som, testando...

Acho q tá funcionando